E, com efeito, pela diversidade do conhecimento que disponibiliza e pela reflexão partilhada que promove, a Biblioteca Pública é o lugar por excelência do conhecimento crítico, da liberdade de espírito, da construção da cidadania, do sentido de comunidade, do melhor que os sapiens sapiens realizaram à superfície da terra. Nas palavras de Carl Sagan, a Biblioteca de Alexandria, paradigma por excelência de todas as bibliotecas, era o cérebro e a glória da grande cidade, o local onde se pode dizer que teve início a aventura intelectual que nos conduziria ao espaço, a cidadela da consciência humana. Onde se estudava tudo e tudo se discutia. Tudo, o cosmos, palavra grega que significa «ordem do Universo», em oposição ao caos.
Symphony of Science - 'Our Place in the Cosmos' (ft. Sagan, Dawkins, Kaku, Jastrow) |
Jesús Martín-Barbero, conhecido semiólogo e filósofo colombiano, afirma que o exercício da cidadania requer, por parte de cada um de nós, a capacidade de contarmos a nossa própria história e a da nossa comunidade, o único modo de sobre elas reflectirmos, de as criticarmos, de as melhorarmos, de as defendermos. Para tal, precisamos de dominar a leitura, a escrita e a oralidade, ou seja, de saber ler, escrever e falar em público.
1º de Maio de 1974 |
Por isso, mais do que apenas o lugar do conhecimento e do saber em todas as áreas das ciências e das artes, a Biblioteca Pública é o lugar da aprendizagem da cidadania, do eu na relação com o outro, simultaneamente igual e diferente de mim. Um lugar de sociabilização, onde se promove a discussão elevada de todas as ideias. Um lugar onde podemos estar sós e acompanhados. Um lugar de ampliação da consciência da identidade individual e comunitária. Um lugar maravilhoso e insubstituível.
Biblioteca Municipal de Sintra |
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