«Formiga Bossa Nova» de Adriana Calcanhoto (2004), a minha versão preferida do poema de Alexandre O'Neill, com música de Alain Oulman para Amália Rodrigues.
![]() |
Adriana Calcanhoto, 2011 |
Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
asinha, asinha.
Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.
Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.
Assim devera eu ser
se não fora
não querer.
se não fora
não querer.
(-Obrigado, formiga!
Mas a palha não cabe
onde você sabe...)
Mas a palha não cabe
onde você sabe...)
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O' Neill!)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O' Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...

Sem comentários:
Enviar um comentário