Acerca do «Mundo flutuante»

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sábado, 3 de novembro de 2012

Grupo Contadores de Estórias (Brasil): contar sem palavras e com marionetas


Não resisto a deixar-vos aqui notícia do último espetáculo do Grupo de Contadores de Estórias sedeado desde 1981 em Paraty, no Brasil. Com quarenta anos de um trabalho extraordinariamente sensível e criativo, este grupo conta, sem palavras, histórias com marionetas de todo o tipo: imensas, com vários metros de altura, grandes e muito pequenas, com 30 cm apenas, fazendo-as também contracenar com atores e bailarinos. 

Mas mais do que dar a conhecer o trabalho deste grupo, o que me tocou foi o fato de o último espetáculo do grupo, Flutuações, se inspirar nos gravuras japonesas (ukiyo-e) da época da história do Japão conhecida por Mundo flutuante que dá nome a este blogue. Segundo a nota de imprensa, este espetáculo é constituido por:

    «Cenas do cotidiano tecidas em cores suaves e tons pastel.  
   De permeio, um lenço vermelho, um guarda chuva amarelo, um moço garboso e um romance, macio e carinhoso...  
   Imagens de um mundo flutuante. Momentos vagando no ar.» 
Marcos Caetano Ribas 

Flutuações é então um espetáculo para adultos cuja inspiração foi as  gravuras ukiyo-e atualizadas através de situações recolhidas ao vivo pelo Grupo nas ruas da cidade de Paraty. Com papel e lápis, olho vivo e uma câmara portátil, o Grupo estudou, registou e fotografou, ao sol ou à chuva, pessoas em situações do dia a dia da cidade, de modo a compor os ukiyo-e deste espetáculo.

Flutuações, 2011.
Ou seja, e esta é a parte que me toca, este grupo consegue oferecer-nos o quotidiano sob uma perspetiva estética: um dom que deveríamos aprender e treinar.

As cenas, construídas a partir das gravuras japonesas e dos retratos do quotidiano, foram então coreografadas de modo a que bonecos e atores-bailarinos se descolassem, ao longo do espetáculo, do constrangimento bidimensional e, flutuando fora do papel, conquistassem a terceira dimensão.

Flutuações, 2011.
Este 24º. espetáculo do Grupo Contadores de Estórias, integra os elementos distintivos que são a imagem de marca do Grupo: as pequenas marionetas quase vivas, a ausência de texto, a delicada coreografia de bonecos e atores-bailarinos e a temática poética que transforma o espetáculo numa sequência de hai-kais cénicos. 

Criado por Marcos e Rachel Ribas em 1971, o Grupo concebe e apresenta espetáculos para público adulto e ainda outros dirigidos aos mais novos. Conhecido e reconhecido internacionalmente, o Grupo Contadores de Estórias foi já visto por milhares de pessoas e consagrado com diversos prémios prestigiados.

Descaminhos, 2011.
Memórias de um tigre de circo, 2008.
Capuchinho vermelho, 1996

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Bom ano!

Um ano de 2012 a ler criativamente o mundo
num equilíbrio instável, mas harmonioso!

Ilustração de Yara Kono,
Prémio Nacional de Ilustração 2010

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs: a song of lost and love... and one more thing!

Dizer que não há ninguém insubstituível não passa de um lugar comum, de uma frase feita, da qual nos socorremos para evitar a angústia da solidão que nos assalta perante a fragilidade que nos define enquanto seres humanos.

Claro que sim, claro que há pessoas insubstituíveis e únicas no seu tempo e na sua visão do mundo, que traçaram caminhos antes inexistentes e que alargaram as fronteiras da nossa humanidade. Steve Jobs era evidentemente um deles.

Steve Jobs 1955 - 2011
No discurso que fez na Universidade de Stanford, em 2005, para centenas de jovens licenciados, Steve Jobs contou a sua vida em três histórias e em cada uma delas salientou uma atitude perante a vida, reflexo do seu incondicional amor à vida.

1) Seguir a curiosidade, a intuição e a independência, seguir o coração e a a nossa voz interior (our inner voice) vai mais tarde permitir-nos perceber como as nossas opções fazem depois sentido, connecting the dots;

2) Não perder a fé, nem o amor e a paixão pelo que se faz e continuar keep(ing) looking and dont seattle;

3) Entender que a morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida porque nos confirma que a não devemos desperdiçar: se nos interrogarmos todos os dias sobre se será que eu quero fazer o que vou fazer hoje... confirmaremos se temos ou não de mudar a nossa vida. Porque, quando a morte deixa de ser para nós um conceito intelectual, podemos por fim perceber o valor de adoptar como lema (do grego, o que é recebido como um presente) de vida, o que Steve Jobs ali nos propõe: stay hungry, stay foolish!



(a partir de Apple e Hipojoy)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O mundo flutuante... no mundo da moda!


Via usa.hermes.com
O mundo da moda, e o das fragâncias talvez mais ainda, constitui parte integrante da noção de mundo flutuante e, enquanto tal, faz todo o sentido que um perfume seja baptizado como uma imagem do mundo flutuante. Contudo, o facto de ter sido este o nome atribuído à nova linha de perfumes da casa Hermés não deixa de ter qualquer coisa de ofensivo e de inquietante.

Porque, por muitos empregos que o mundo da moda gira e sustente, a assinatura Hermés é para os muito ricos, para aqueles muito poucos que têm demasiado e que, num mundo tão assimétrico quanto aquele em que vivemos, conseguem (con)viver bem com isso. E a noção de mundo flutuante encontra-se intrinsecamente ligada ao quotidiano da maioria dos habitantes das cidades que nunca jamais poderiam comprar nada da marca Hermés.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Calendário de Verão: ao som das cigarras no mundo flutuante


Retirada de um calendário japonês ilustrado (egoyomi), comum entre a população urbana no período Edo, esta gravura do pintor ukiyo-e Suzuki Harunobu (1725-1770) retrata uma mulher e uma criança tentando apanhar cigarras, um típico passatempo de Verão (quem não se lembra das «casinhas» de grilos, primeiro de madeira, depois de plástico, que se ofereciam às crianças no fim da Primavera?).

Muito usados para determinar o número variável de dias no mês lunar, os calendários passam a ser ainda mais procurados a partir do momento em que começam a ser ilustrados, o que por sua vez contribui para que o ukiyo-e (a ilustração popular desta época) fosse reconhecido como uma forma de arte,  promovendo o desenvolvimento da xilogravura colorida (nishiki-e). Partindo de formatos de calendários convencionais, os pintores ukiyo-e trabalharam criativamente as letras e os números dos egoyomi com a imagem, desafiando o leitor a decifrar os símbolos, o que reforçou ainda mais a respectiva popularidade: no canto inferior esquerdo da rede o caracter shō (pequeno) indica que este mês tinha apenas 29 dias.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O mundo flutuante


Encontrei o mundo flutuante!  Na Internet, claro! Chama-se led magnetic levitating rotating globe, é produzido em Guangdong, na China, mede 10 cm e custa cerca de 50$. A respectiva publicidade afirma que mo entregam em casa em menos de uma semana.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Web 2.0

Da minha versão do Mundo flutuante faz parte a Web 2.0. E como não o poderia fazer? Democrática, quotidiana, popular, livre, efémera, aprazível…, podemos considerar que, nos nossos dias, a Web 2.0 actualiza de modo amplificado e global o mundo flutuante que surgiu, em tempos de paz, no Japão do século 17.

Porque a Web 2.0 representa uma forma de abertura para o mundo onde, como nunca antes, todos podem estar:  aprendendo, criando, trabalhando, conversando, rindo, jogando… O mundo inteiro em palavras, sons, imagens. Com tudo o que de bom e de mau nos caracteriza enquanto espécie, mas agora potencialmente ao alcance de muitos-todos !

Planisfério em mosaico de logos web 2.0 via Appappeal

O programa como o Web 2.0: 23 coisas que temos de saber significa, sobretudo, poder levar esta nova (e ainda estranha?) forma de vida a muitas mais pessoas, permitindo deste modo ampliar exponencialmente as potencialidades de todos e de cada um de nós.
Via DiogoMartinsOnline (adap.)